Capacidade Instalada da Indústria de Óleos Vegetais
A Capacidade Instalada é um indicador fundamental para entender a performance e o potencial de crescimento da indústria.
No contexto da indústria brasileira de óleos vegetais, esse parâmetro tem revelado uma trajetória de expansão significativa, refletindo o dinamismo e as transformações recentes no setor. A compreensão aprofundada desses dados é essencial para stakeholders, investidores e formuladores de políticas que buscam otimizar a eficiência e promover o crescimento sustentável dentro desse setor estratégico.
PROCESSAMENTO
De acordo com as projeções da ABIOVE, a capacidade de processamento do Brasil é de 219.067 toneladas por dia. Multiplicando esse valor por 330 dias trabalhados, chega-se a uma capacidade anual de aproximadamente 72,3 milhões de toneladas por dia (+4,5% em relação a 2023). A entidade estima, ainda, que a ociosidade total será de 24,6% dessa capacidade, sendo 18,1% referentes a fábricas ativas e 6,5%, a fábricas paradas. A produção estimada para este ano é de 54,5 milhões de toneladas.
Atualmente, o Brasil conta com 67 indústrias processadoras de óleos vegetais – um aumento em relação às 63 do ano anterior. O número total de unidades industriais, também chamadas de esmagadoras, aumentou de 129 para 132, com o número de fábricas ativas crescendo de 107 para 113, incluindo duas unidades reativadas e uma planta inaugurada.
A distribuição da capacidade de processamento e a representação pelo tamanho das fábricas revelam variações significativas entre diferentes categorias, como pode ser observado na Tabela 1.
A capacidade de processamento de óleos vegetais é de 219.067 toneladas por dia no Brasil. Multiplicando-se esse valor por 330 dias trabalhados, tem-se a capacidade anual de cerca de 72,3 milhões de toneladas por dia.
*Os valores apresentados contemplam unidades ativas e paradas;
**São considerados 330 dias para o cálculo da capacidade anual
Uma tendência relevante é a crescente presença de usinas de biodiesel e refinarias que complementam o esmagamento de oleaginosas. Das 67 empresas listadas na pesquisa da ABIOVE, 23 (ou 34,3%) também possuem usinas de biodiesel anexas e 8 possuem refinarias para a produção de alimentos. Essa integração diversifica a oferta de produtos e atende a demanda por fontes de energia renováveis e sus- tentáveis, além de garantir a qualidade dos óleos refinados para alimentação. Assim, contribui de forma significativa para a matriz energética e a segurança alimentar nacional.
O esmagamento é complementado por unidades que agregam valor ao óleo vegetal, refletindo uma dinâmica em transformação no setor. A Tabela 2 mostra o comparativo da quantidade de empresas e unidades industriais entre 2023 e 2024. Já a Tabela 3 mostra a variação da capacidade de refino de óleos vegetais entre 2023 e 2024.
A dinâmica de fechamento e desativação de unidades, observada pelo aumento no número de empresas refinadoras e pela redução de unidades industriais, indica uma possível concentração de operações mais eficientes e competitivas.
Essa crescente eficiência pode ser verificada pelo aumento de 5,5% na capacidade de refino das plantas ativas e pela variação de +4,3% na capacidade total de refino, que alcançou 23.243 toneladas por dia neste ano.
O aumento no número de empresas refinadoras de 32 para 33, junto com a redução do total de unidades industriais de 59 para 57, indica uma dinâmica interessante no setor. Apesar de mais empresas, o fechamento ou a desativação de unidades indica um processo de consolidação, no qual as empresas podem estar se concentrando em operações mais eficientes e competitivas. Essa eficiência é refletida no aumento de 5,5% na capacidade de refino das plantas ativas, totalizando 20.912 toneladas por dia e uma variação de +4,3% na capacidade total, que chega a 23.343 toneladas por dia.
MAPA DO PROCESSAMENTO DE SOJA, DO REFINO DE ÓLEOS VEGETAIS, DAS USINAS DE BIODIESEL E DA ÁREA DE SOJA
Quanto aos dados de capacidade instalada de processamento e refino, conclui-se que há uma concentração de atividades no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul, isto é, as regiões estratégicas para o atendimento da crescente demanda do mercado.
O mapa mostra a distribuição das processadoras de soja, das usinas de biodiesel e das unidades de refino de óleos vegetais e a área de soja plantada.
O Centro-Oeste é líder em capacidade instalada de processamento e refino, respondendo por 43,8% do total de processamento do País, com 48 unidades industriais (39 ativas, 7 paradas e 2 em construção). No refino, a região possui 37,9% da capacidade, com 17 unidades (15 ativas e 2 paradas) e 30 usinas de biodiesel.
Em seguida, vem a região Sul, com 35,3% do processamento, totalizando 54 unidades (48 ativas, 2 paradas e 4 em cons- trução), e 19,6% do refino, com 11 unidades (9 ativas e 2 paradas) e 16 usinas de biodiesel.
A região Sudeste ocupa a terceira posição, com 11,2% do processamento nacional, possuindo 16 unidades (13 ativas e 3 paradas). No refino, a região é responsável por 31,7% da capacidade, com 22 unidades (16 ativas e 6 paradas) e 8 usinas de biodiesel.
A região Nordeste, por sua vez, representa 6,4% do processamento e 10,8% da capacidade de refino, com 6 unidades, todas ativas, e 5 usinas de biodiesel. Por último, a região Norte é responsável por 3,4% da capacidade total de processamento, com 8 unidades (7 ativas e 1 em construção) e 7 usinas de biodiesel.
Essa distribuição geográfica destaca a importância da infraestrutura de processamento e refino no Brasil, evidenciando a concentração de atividades no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul, regiões estratégicas para atender a crescente demanda do mercado.
INVESTIMENTOS
Esse crescimento é impulsionado por uma combinação de novos investimentos que moldam o cenário atual da indústria. Foram rastreados R$ 5,7 bilhões para construção e expansão das fábricas nos próximos doze meses, trazendo um incremento de 19.350 toneladas por dia. Trata-se de um reflexo do compromisso do setor com o desenvolvimento e a modernização contínua.
O maior número de unidades ativas apontado pelo levan- tamento da ABIOVE inclui novas fábricas em construção e a reativação de unidades. Novas instalações estão sendo desenvolvidas no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Tocantins e em Goiás. Além delas, mais três novas unidades foram identificadas como pertencentes a uma mesma empresa. O número de fábricas em construção também aumentou, passando de 3 para 7, sendo que 1 das 3 unidades que estavam em construção no ano anterior já se encontra em operação. Destaca-se, ainda, a redução das fábricas paradas de 13 para 12, sendo 2 reativadas em São Paulo.
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
A expansão do processamento e do refino de óleos vegetais tem sido impulsionada por uma combinação de novos investimentos. Apenas para os próximos doze meses, é pos- sível rastrear investimentos de R$ 5,7 bilhões para a construção de novas fábricas.
O panorama atual da capacidade instalada revela uma indústria em expansão e adaptação às novas demandas do mercado. A contínua modernização das fábricas e a ampliação das capacidades produtivas, aliadas à crescente integração com a produção de biodiesel, indicam uma trajetória promissora para o setor. Essa evolução não só fortalece a economia, mas também posiciona o Brasil como um líder emergente na produção de soja, além de consolidá-lo como o segundo maior produtor de biodiesel no cenário global.
AUTORES
Daniel Amaral
Diretor de Economia
e Assuntos Regulatórios
Abiove
Gabriel Nakamura
Analista estatístico