Congresso discute o papel da Macaúba como fonte de matéria-prima sustentável
Na bioeconomia, a diversificação de matérias-primas é fundamental para evitar a dependência de uma única fonte no atendimento às crescentes demandas de mercado.
Uma vasta lista de opções traz mais resiliência econômica, reduz a vulnerabilidade às flutuações de preços dos recursos e cria oportunidades para agricultores e comunidades rurais. Neste contexto está a macaúba, que emerge como uma fonte versátil de matérias-primas sustentáveis, abrindo portas para setores como alimentação, química, saúde, energia e biocombustíveis.
As estratégias e ações para torná-la um recurso ainda mais promissor para o desenvolvimento sustentável, analisando também seus usos, processos produtivos, cultivo e potencialidades foram temas centrais do ‘I Congresso Internacional e II Congresso Brasileiro de Macaúba’, realizado entre os dias 23 e 25 de outubro, no IAC Instituto Agronômico.
Na oportunidade, quase 300 especialistas, pesquisadores, profissionais e líderes do setor público e privado de diferentes países se reuniram para discutir o papel dessa fonte na bioeconomia e no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Gabriel Nakamura, analista Estatístico e Econômico da Abiove acompanhou o primeiro dia do Congresso e as exposições acerca dos biocombustíveis.
Neste âmbito, a macaúba com um potencial de produção de até 6 toneladas de óleo por hectare se torna uma alternativa viável e eficiente. A oleaginosa pode contribuir com a descarbonização do setor de transportes fornecendo óleos vegetais de alta qualidade para a produção de biodiesel e diesel verde.
Com a Lei do Combustível do Futuro, que estabelece um aumento progressivo na mistura de biodiesel, passando de 15% para 25% até 2035, a macaúba se torna essencial. A produção de seu óleo vegetal não apenas suprirá essa demanda, mas também abrirá novas oportunidades de pesquisa, produção e comercialização de biocombustíveis.
Já o farelo de macaúba, por sua vez, também se somará ao farelo de soja e outras fontes de proteína vegetal para aumentar a oferta de rações animais, o que tornará mais acessíveis as carnes e outras proteínas animais.
Além de seu potencial econômico, o cultivo da macaúba traz benefícios ambientais significativos. Sua integração com a pecuária e sua capacidade de “sequestrar” carbono em áreas degradadas são aspectos que devem ser contemplados. Isso não só contribui para recuperar áreas afetadas pela degradação, mas também promove uma agricultura mais responsável e sustentável.
O momento é de promover e investir no cultivo da macaúba, integrando suas externalidades positivas à nossa economia verde e construir um futuro energético mais sustentável, que não apenas beneficie o Brasil, mas também sirva de exemplo para o mundo.