Bio+: novo passo pela qualidade do biodiesel consumido no Brasil

25.09.23   artigos Biodiesel

A ABIOVE anuncia que o seu selo de qualidade do biodiesel “Bio+”, depois de 5,4 bilhões de litros produzidos por suas associadas sem um único registro de problema no cliente, migrou para um estágio superior e ainda mais desafiador com a versão 2.0 do protocolo de certificação.

O selo lançado em maio de 2020 tinha como objetivo criar uma marca que distinguisse os seus detentores das demais empresas demonstrando rigor quanto à qualidade. Para que pudesse cumprir com êxito esse princípio, as associadas da ABIOVE criaram um Comitê de Qualidade que passou a se reunir semanalmente para definição das premissas e do modus operandi do grupo de trabalho.

Comitê de Qualidade

Foram inúmeras as discussões acerca do que o mercado necessitava naquele momento. Qualidade intransigente era o item número um, porém, o biodiesel tinha outros desafios que precisariam ser encarados. Passadas as ponderações técnicas, chegou-se à conclusão de que os metais presentes no biodiesel (grupos sódio-potássio, cálcio-magnésio e fósforo) e que fazem parte da sua especificação, deveriam ser reduzidos. Assim foi feito. As associadas da ABIOVE que se candidataram e receberam o selo, passaram a entregar um biodiesel que cumpria integralmente a especificação RANP 45/2014 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Porém, de modo mais severo ao restringir aqueles metais em 40%. Uma especificação própria exigida pelo selo.

A iniciativa foi tão bem acolhida que a própria ANP adotou a mesma medida de redução na nova especificação do biodiesel, a RANP 920/2023, publicada em 04/04/2023. Ou seja, a boa ideia de uma iniciativa voluntária foi convertida em lei! Aliás, esse é um dos propósitos do Comitê de Qualidade da ABIOVE: se antecipar às legislações.

A reflexão ficou: um selo com passado isento de problemas pode ser melhorado? Para um grupo focado e obstinado com a qualidade como o da ABIOVE, sim!

E a inspiração veio dos encontros que o Comitê faz questão de manter com seus principais clientes: as distribuidoras de combustíveis. Além de controlar a qualidade do produto com biodiesel super especificado, por que não estender para as atividades produtivas e verificar se o processo é robusto, se as melhores práticas produtivas estão sendo aplicadas, se os operadores são capacitados e passam por atualizações frequentes? Coisas como essas fazem a diferença: a garantia de que o que está bom, além de não perder a qualidade, pode, incrementalmente, ir melhorando cada vez mais. E a proposta do Comitê foi de atuar no processo produtivo em todas as suas minúcias.

Critérios de Qualidade

Assim, como forma de tornar mais consistente os sistemas de qualidade das empresas, exigir de todas elas maior rigor segundo os seguintes critérios:

  • Característica normal – todas as atividades internas da empresa cuja falha eventual pode ser detectada antes de o produto seguir para o cliente. Exemplos: limpeza de tanques intermediários internos, matriz de qualificação da força de trabalho, qualificação de fornecedores etc.; e
  • Característica maior – aquela que tem interface direta com o cliente e que precisa de controle mais rígido. Exemplos: limpeza e verificação dos caminhões de transporte, atendimento à especificação do biodiesel, sistema de tratamento das eventuais não conformidades no cliente etc. Para obter o selo, nenhuma não conformidade maior pode ser aceita.

Com esses princípios aplicados, foi construído um protocolo que todas as usinas que quisessem obter o Bio+ na sua nova versão, teriam que atender. Houve ainda outra inovação. Desta vez, os sistemas de qualidade seriam verificados por uma entidade externa às usinas. Assim, foi firmada uma parceria com um instituto não só independente, mas de fora do segmento de combustíveis, o IQA – Instituto da Qualidade Automotiva. O desafio de auditar processos de produção de biodiesel foi aceito pela entidade, cuja ótima reputação foi construída no segmento de veículos e de autopeças. É certo que o biodiesel se destina a esse segmento, mas tem a grife mais do Agro do que de Montadoras.

Recentemente, no dia 30 de agosto, foi concluído mais esse ciclo de certificação do IQA e oito usinas foram certificadas com êxito: Archer Daniels Midland Company (unidades Joaçaba, SC e Rondonópolis, MT), Amaggi (Lucas do Rio Verde, MT), Bunge (Nova Mutum, MT), Cargill (Três Lagoas, MS), COFCO Corporation (Rondonópolis, MT) e JBS (unidades Campo Verde, MT e Lins, SP).

Todas essas usinas receberam o novo selo Bio+ e, com a chancela da ABIOVE e do IQA, já oferecem biodiesel produzido com um sistema de qualidade certificado. O que era bom, ficou melhor e mais robusto!

Empresas amadureceram, reforçaram e aperfeiçoam ainda mais seus controles no momento em que reafirmam o compromisso com a qualidade para que o país possa utilizar porcentuais crescentes de adição obrigatória de biodiesel ao diesel comercial, reduzindo assim a fração fóssil para mitigação dos gases causadores do efeito estufa, melhorando a qualidade do ar, contribuindo com a saúde da população e estimulando cada vez mais uma indústria que gera emprego e renda para os brasileiros. Motivo de orgulho para a ABIOVE.

Definitivamente, são novos tempos para o biodiesel!