Transição energética nos combustíveis da navegação

02.05.24   Notícias Biodiesel

O BNDES e a Fundação Getulio Vargas organizaram um encontro para debater os desafios e oportunidades da transição energética no mar, aproveitando a visita do secretário geral da Organização Marítima Internacional (International Maritime Organization – IMO), Arsenio Dominguez.

O evento, que aconteceu na sede do BNDES e na FGV, foi prestigiado por Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, Marcos Sampaio Olsen, Comandante da Marinha do Brasil e Carlos Ivan Simonsen Leal, presidente da FGV, além de outras autoridades.

A Abiove participou do painel sobre riscos e oportunidades produtivas para o agronegócio da transição energética nos combustíveis da navegação. A associação foi representada por seu presidente executivo, Andre M Nassar, e por Alexandre Pereira da Silva, diretor de biodiesel da Biopower (JBS), associada à Abiove.

O painel foi coordenado pela Senadora Kátia Abreu, que moderou e promoveu os debates. Evandro Gussi, presidente da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, e Rafael Abud, CEO da FS Fueling Sustainability, completaram o painel.

As discussões comprovaram que a transição energética no transporte marítimo via biocombustíveis é uma oportunidade para o Brasil e a opção de menor custo e maior escala disponível atualmente. Nassar defendeu que o modelo europeu, com restrição de uso de matérias-primas de base agropecuária para biocombustíveis, não pode ser replicado nem adotado pela IMO.

Alexandre Pereira apresentou a experiência da Biopower/JBS com biodiesel, os testes com a frota interna do grupo rodando com 100% biodiesel e a bomba de biodiesel instalada na área industrial para abastecimento dos caminhões.

A Senadora Kátia fez três questionamentos importantes.

  • Se há disponibilidade de matéria-prima para atender a substituição de combustível marítimo por biocombustíveis. Todos os participantes responderam que sim dado que teremos muitas rotas utilizando diferentes elementos produzindo biocombustíveis que podem substituir combustível marítimo.
  • Se a meta da IMO de ser neutra em emissões líquidas até 2050 será cumprida. A mensagem de todos foi positiva.
  • Sobre os questionamentos da CNT – Confederação Nacional do Transporte quanto a qualidade do biodiesel e os impactos em custos e durabilidade de equipamentos à medida que o teor de mistura aumenta. André e Alexandre argumentaram que o biodiesel na saída das usinas não gera impactos e aumento de custo, tanto é que várias produtoras de biodiesel, inclusive o grupo J&F, estão usando B100. Eles explicaram a necessidade de boas práticas na cadeia de distribuição até o consumidor final, sobretudo a drenagem de tanques porque diesel e biodiesel absorvem água da umidade do ar.

Por fim, André mencionou que já propôs à CNT montar um programa de rastreabilidade para identificar em que etapa da cadeia houve deterioração do diesel comercial baseado em denúncias de transportadores e que ainda aguarda resposta da CNT.